Em Assembleia realizada nesta segunda-feira (18/12), no Sindicato dos Comerciários do Rio, os trabalhadores das filiais cariocas do Carrefour discutiram e aprovaram a pauta de reivindicações que será apresentada à rede multinacional de hipermercados. Por ampla maioria, também foi aprovada a decretação do estado de greve, que poderá ser deflagrada a qualquer momento caso o Carrefour não atenda às demandas ou continue com as ameaças e retaliações aos funcionários que participam do movimento.
Os trabalhadores do Carrefour exigem, dentre outras reivindicações:
- Adicional de 100% sobre as horas trabalhadas nos feriados;
- Adicional de 100% sobre as horas trabalhadas aos domingos;
- Reintegração dos demitidos em função da participação no movimento;
- Ajuste nos contratos e carteiras de trabalho para correto enquadramento das funções conforme o Código Brasileiro de Ocupações (CBO);
- Garantia de 15 minutos de intervalo para lanche, de forma a garantir que os trabalhadores não fiquem por mais de 6 horas sem alimentação;
- Garantia das folgas adicionais pelo trabalho nos feriados;
- Fim do desvio de função;
- Fim do assédio moral;
- Melhoria da alimentação fornecida nas lojas;
- Recomposição da Participação nos Lucros e Resultados (PLR);
- Recomposição dos percentuais das comissões dos vendedores.
A pauta será agora apresentada à empresa pela direção do Sindicato em mediação da Superintendência Regional do Ministério do Trabalho e Emprego (SRTE), já marcada para a próxima quinta-feira (21/12). Dois trabalhadores foram eleitos pelos colegas durante a Assembleia para acompanhar as negociações. “Somos vitoriosos porque já conseguimos nos unir para dar um passo adiante. Temos um Sindicato disposto a lutar por nós. Vamos continuar firmes e acumular forças. Agora estamos em estado de greve. As paralisações poderão ocorrer a qualquer momento, mesmo agora antes do Natal, caso a empresa continue nos ameaçando”, comentou o açougueiro RML, da filial Sulacap.
Entenda o caso – Após a vitória do movimento grevista no Mundial, o Sindicato foi procurado por uma comissão de trabalhadores do Carrefour, que relatou a insatisfação e disposição de luta dos funcionários da rede. Além do fim do adicional de 100% nos feriados, a comissão relatou uma série de outros problemas. Neste sentido, ficou decidida a convocação da Assembleia para debater e aprovar a pauta de reivindicações.
Em resposta, a empresa primeiro anunciou que pagaria o adicional aos funcionários referente aos últimos feriados trabalhados. Como não se comprometeu, no entanto, em pagar o mesmo nos próximos feriados, a mobilização dos funcionários se intensificou. O Carrefour então apelou para a estratégia do medo, promoveu demissões alegando “corte de despesas” e distribuiu ameaças por meio dos seus gerentes. Contudo, os trabalhadores não se intimidaram e prometem levar o movimento às últimas consequências. “Lá na França eles estão gozando os milhões que nós levantamos aqui. Quem tem pena do patrão pra sempre vai lamber o chão. Estamos de pé, firmes e dispostos a levar essa luta até o fim”, comentou a vendedora JVC, da filial Norte Shopping.
Carta aos colegas franceses – Ainda no início da Assembleia, foi aprovada por aclamação uma carta (leia aqui na íntegra) assinada em conjunto pelo Sindicato e os trabalhadores do Carrefour no Rio, que será enviado aos trabalhadores franceses da rede à central sindical francesa La CGT. “Na crença de que devemos sempre cultivar a solidariedade entre os trabalhadores – e dela lançar mão em momentos como esse – contamos com a maior facilidade de acesso dos camaradas à direção global da empresa para, a partir da França, exigir que o Carrefour trate com sensibilidade e respeito as exigências de seus funcionários brasileiros”, afirma o documento.
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