Os trabalhadores e as trabalhadoras de supermercados e hortifrutis garantiram o reajuste salarial de 2,46%, que contempla a inflação do período. Mais um abono de R$ 125. O aumento salarial será pago a partir da assinatura do acordo.
A negociação ocorreu em um cenário difícil para os trabalhadores. Nesse momento de pandemia, com dificuldades na economia, a maioria das convenções coletivas estão sendo assinadas com o reajuste da inflação, sem aumento real. Há casos ainda de aumento menor do que a inflação ou reajuste de 0%. Em São Paulo, os patrões deram reajuste ZERO para os comerciários este ano. Em Nova Iguaçu, os patrões também não assinam acordo há três anos. No Rio de Janeiro, o Sindicato tem garantido aumento salarial todos os anos, através da convenção coletiva, pois sem elas todos os direitos são perdidos. O caminho da justiça também não era o melhor, basta ver o que aconteceu com os trabalhadores dos Correios recentemente, que no TST perderam diversos direitos que já estavam na convenção.
Para piorar, a Medida Provisória 936 (Lei 14.020), do governo federal, liberou corte nos salários e suspensão do contrato de trabalho, diminuindo ainda mais a renda dos trabalhadores. Já a MP 905 (carteira verde-amarela), que chegou a ser aprovada na Câmara dos Deputados, também cortava direitos, como as compensações pagas pelos domingos e feriados. Felizmente, esse MP 905 não foi votada no Senado e caducou. Porém, o governo ainda pretende apresentar uma nova MP nessa mesma linha.
Além disso, o desemprego continua alto e o comércio tem liderado o fechamento de vagas em 2020. Nessa situação, a luta pela manutenção do emprego também tem sido importante.
Todo esse cenário mostra o quão é importante garantirmos nossas conquistas na convenção coletiva. O Sindicato também conseguiu o reajuste de 2,50% na ajuda de custo e no vale compras de feriado. Outra conquista reivindicada pelos trabalhadores foi a troca do vale compras pelo ticket, que será aceito em outros estabelecimentos, ou pago em dinheiro na conta. As empresas terão até janeiro de 2021 para fazer essa mudança.
O abono de R$ 125 será pago em duas vezes, sendo R$ 65 na folha de outubro será recebido até o quinto dia útil de novembro e a segunda parcela R$ 60 na folha de novembro que será recebido até o quinto dia útil de dezembro.
Outras conquistas
-Quebra de caixa.
-Direitos para o trabalho aos domingos e feriados.
-No Dia do Comerciário, no Natal e no Ano novo o trabalhador do comércio NÃO TEM EXPEDIENTE.
-Cláusulas que tratam dos direitos da mulher, como licença maternidade e garantia de intervalos para as mamães lactantes.
-Quem está prestes a se aposentar tem o emprego garantido.
“Foram várias rodadas de negociação com os patrões, em uma campanha salarial difícil, por conta da situação econômica e da pandemia. Mesmo assim conquistamos o reajuste salarial e mantivemos todas as cláusulas já contidas na convenção coletiva, em um momento de ataques aos nossos direitos. Desde que o governo Temer transformou o segmento de supermercados em atividade essencial tivemos perdas de benefícios. Por isso, é importante aprovarmos esse acordo e termos uma convenção que garanta os direitos dos trabalhadores”, afirma Márcio Ayer, presidente do Sindicato dos Comerciários.
Como fica com o reajuste:
Piso – R$ 1.234,57
Reajuste 2,46% – R$ 1.264,94
Garantia de comissionista – R$ 1.261,89
Reajuste 2,46% – R$ 1.292,93
Experiência – R$ 1.118,99
Reajuste 2,46% – R$ 1.146,51
Teto – R$ 6.010,00
Reajuste 2,46% – R$ 6.157,84
Nas demais cláusulas econômicas o ganho foi um pouco maior: 2,50%
Ajuda de custo – R$ 73,54
Reajuste 2,50% – R$ 75,37
Vale compras feriado – R$ 36,77
Reajuste 2,50% – R$ 37,68
O acordo foi aprovado pelos trabalhadores através de assembleia virtual, por conta das medidas de isolamento social. Márcio também destacou as ações do Sindicato para a proteção dos trabalhadores durante a pandemia, como o uso do protetor facial, colocação de barreiras de acrílico.
“Foi preciso acionar a justiça para que as empresas fornecessem os equipamentos de proteção, em um momento que os supermercados estavam lotados. A pandemia não acabou e o Sindicato continua fiscalizando e cobrando todas as medidas de proteção aos trabalhadores”, afirma Márcio.
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