Onze trabalhadoras do comércio foram homenageadas com o II Prêmio Margarida, entregue pelo Coletivo Margaridas, do Sindicato dos Comerciários do Rio. As homenageadas foram escolhidas por sua luta em defesa dos direitos de todos comerciários, bem como pelo enfrentamento ao machismo e ao racismo no comércio do Rio.
Marcada pela emoção, a solenidade de entrega do Prêmio, sexta-feira passada (23/3) na sede do Sindicato, teve início com um minuto de silêncio em memória à vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Pedro, covardemente assassinados no dia 14/3.
“Dedico esse Prêmio à Marielle. Tentaram calar ela, mas sua voz está dentro de cada uma de nós”, destacou a comerciária Raquel Virla, 38 anos, uma das homenageadas. Raquel era vendedora do Carrefour, mas foi demitida por causa da sua participação no movimento dos funcionários contra o corte dos adicionais pelo trabalho aos domingos e feriados.
Maria da Penha – Além de Raquel, foram homenageadas as comerciárias: Patrícia Dionísio, 33, operadora de caixa no Mundial; Vanessa Andrade, 33, vendedora da Fast Shop; Denise Vidal, 48, caixa no Intercontinental; Francieli Borges, 21, vendedora da Void; Célia Lucas, 63, serviços gerais no Costa Azul; Simone Rodrigues, 44, chefe de caixa no Intercontinental; Rosalva Almeida, 53, vendedora da Sinthonia; Carmem Lúcia, 47, auxiliar de caixa no Bramil; Fernanda Nadais, 41, caixa no Atacadão; e Patrícia Pereira, 39, caixa no Rede Economia.
Esta última lembrou que “além da violência moral que a gente sofre no comércio, a gente também sofre dentro de casa. Então esse prêmio também é dedicado à Maria da Penha, uma mulher guerreira e trabalhadora. Através da Lei Maria da Penha, quem fez o que fez comigo está apagando até hoje. Eu não fui reconhecida dentro do comércio, mas fui reconhecido pelo Sindicato. Agradeço de coração”.
Perfil – “As mulheres comerciária em geral são mães muito cedo e vivem na dupla jornada, de acordar cedo, trabalhar, voltar pra casa, deixar comida pronta pro dia seguinte e ainda cuidar dos filhos. É admirável como essas mulheres trabalhadoras, apesar de toda essa jornada estafante, ainda conseguem ser felizes. Essa homenagem é um estímulo para que elas continuem lutando e valorizando o papel do Sindicato na defesa dos seus direitos”, explicou a diretora sindical Rosângela Rocha.
“O Coletivo Margaridas existe justamente para fortalecer a luta do Sindicato pelo direito à creche, o combate à discriminação de salários e melhores condições de trabalho e vida às comerciárias”, acrescentou a vice-presidente do Sindicato, Alexsandra Nogueira.
Lutas e conquistas – O presidente do Sindicato, Márcio Ayer, também deixou seu recado: “Tenho muito orgulho de estar ao lado de mulheres tão importantes para aos avanços e conquistas da nossa categoria. Um grande exemplo disso foram as mobilizações no supermercado Mundial, que havia cortado o adicional de 100% para quem trabalha aos domingos. O movimento foi liderado principalmente pelas trabalhadoras da frente de loja. Espero que a luta de vocês, que é de todos nós, ganhe cada vez mais aliadas e aliados. Viva a luta das mulheres trabalhadoras!”
Confira ainda o recado de outras homenageadas:
“Nós comerciárias já conquistamos muitas coisas, é só olhar ao redor. Na época do Mata Roma não estaríamos aqui hoje, a gente só passava da porta, no máximo, pra fazer homologação. Hoje a gente está aqui no salão nobre. Então, não tenham vergonha de ser comerciárias. Comércio é exploração? Sim, mas nós mesmos, dentro das nossas lojas, temos que começar a agir. O Sindicato sou eu, é você, é cada um de nós”. Fernanda Nadais, 41, operadora de caixa no Atacadão – Comerciária “cascuda”, já trabalhou nas Sendas, Zona Sul, Prezunic, Caçula, Supermarket e Extra, sempre acompanhando as atividades do Sindicato.
“O direito deve ser para todos, homens e mulheres, todos que fazem seu trabalho com dedicação. Que as mulheres tenham reconhecimento por sua dedicação”. Vanessa Andrade, 33, vendedora da Fast Shop – Mãe, trabalhadora e estudante, Vanessa trabalha no comércio desde criança, ajudando na mercearia do pai. Atualmente tem no comércio a única fonte de renda de sua família.
“Ver essa sala cheia de mulheres de todas as idades e de todos os lugares do Rio é muito gratificante. A gente vai crescer muito e ter muito espaço de poder, porque a gente é muito potente”. Francieli Borges, 21, vendedora da loja Void – Ex-operária e militante estudantil. Há um ano agarrou uma oportunidade de trabalho no comércio.
“Lute sempre como uma mulher, que tudo dará certo”. Rosalva Almeida, 53, vendedora da loja Sinthonia – 25 anos de comerciária e frequente participante das discussões do Sindicato nas assembleias, reuniões e redes sociais.
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