Dimpus fecha as portas e dá calote no trabalhador

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Cartaz de despedida fixado na vitrine da primeira (e última) loja da Dimpus, em Ipanema, Zona Sul do Rio. Foto: reprodução da internet.

A grife de moda feminina Dimpus fechou sua última loja na semana passada. Em consequência das alterações feitas na CLT pela reforma trabalhista, não foram feitas no Sindicato as homologações das rescisões dos contratos de trabalho, o que permitiria à entidade conferir todos os cálculos. No entanto, segundo relatos dos trabalhadores que já estão sendo assistidos por nosso Departamento Jurídico, todos saíram com “uma mão na frente e outra atrás”. A empresa não pagou as verbas rescisórias nem àqueles trabalhadores que fizeram acordos ou ganharam ações na Justiça do Trabalho.

“Esse tipo de coisa não é novidade. Mais uma vez fica demonstrado que a sonegação e outras trapaças contábeis e trabalhistas fazem parte do modelo de negócios de muitas empresas do varejo carioca. O objetivo é evidente: enriquecer ilicitamente às custas da exploração do trabalhador e do desprezo ao Estado. Só que o Sindicato dos Comerciários está de olho nesse tipo de “iniciativa privada” e vai lutar até o fim pela responsabilização dos donos e pela garantia dos direitos dos ex-funcionários”, comentou o presidente do Sindicato, Márcio Ayer.

A Dimpus nasceu na Zona Sul do Rio e chegou a ter 85 lojas em todo país, alavancada pelo sucesso de sua lendária bermuda jeans. Desde 2016, um grupo de trabalhadores vem sendo acompanhado pelo Departamento Jurídico do Sindicato em disputas contra a Dimpus. Além de pagar salários em atraso e não manter em dia os depósitos no FGTS, os funcionários denunciaram que a grife comandada pelo empresário Milton Carvalho Neto se utilizava de vários artifícios contábeis para despistar credores, enganar ex-funcionários e zombar da Justiça do Trabalho. O Sindicato continua investigando essas denúncias.

Pousada na serra “Ele descontava da gente, mas não depositava o FGTS nem o INSS. Tudo mais era pago errado ou atrasado. Fiquei dois anos e meio, larguei até a faculdade para me dedicar à loja, pra sair sem um real, nem de FGTS depositado. No final, mandou eu procurar meus direitos na Justiça”, denunciou ao Sindicato a comerciária T.L.

O presidente do Sindicato criticou ainda as mudanças trazidas pela reforma trabalhista que dificultam a caracterização do grupo econômico. A Justiça do Trabalho já começou a conceder decisões que tiram a culpa de uma companhia pelas dívidas de outra empresa que tenha os mesmos donos. “Quer dizer, mesmo tendo feito essa lambança toda, o dono da Dimpus poderá abrir amanhã uma nova empresa para continuar lesando os trabalhadores e aplicando calotes como se nada houvesse acontecido. Aliás, já recebemos notícias de que ele está de loja nova e também abriu uma pousada em Itaipava. Tememos pelos direitos dos seus novos funcionários”, acrescentou Márcio.

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