Com medo da greve, Mundial aceita reivindicações

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Assembleia do Mundial nesta segunda-feira (4/12). Imagem: Wellington Santos/ Comerciários

Em Assembleia realizada nesta segunda-feira (4/12), os funcionários do Mundial decidiram que o Sindicato dos Comerciários deve assinar Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) para garantir, dentre outras conquistas, a volta do adicional pago aos domingos. “Vamos garantir o que já foi aceito pela empresa. Nossa luta pelos 100% nos feriados vai continuar na Campanha Salarial. Um dia após o outro”, falou aos colegas funcionário da filial de Copacabana, resumindo o sentimento da maioria dos trabalhadores presentes.

Valeu a pressão! Com medo da greve, empresa atendeu mais de 90% da pauta de reivindicações e confirmou pontos sobre os quais só havia sinalizações. Confira o que vai entrar no Acordo Coletivo:

  • Manutenção do adicional de 100% aos domingos (50% para funcionários novos);
  • Pagamento de vale de R$ 35 e folga extra pelo trabalho em feriados. Caso a folga não seja concedida, deverá ser pago o adicional de 100% sobre as horas extras;  
  • Regularização e transparência do controle de ponto;
  • Regularização da função das atendentes como operadores de caixa, conforme o Código Brasileiro de Ocupações (CBO). A mudança impacta diretamente a saúde destas trabalhadoras, pois o INSS só paga o auxílio-acidentário quando se consegue provar que há nexo causal entre a doença ou acidente de trabalho com a atividade descrita no contrato do trabalhador. Nesses casos, o funcionário garante ainda um ano de estabilidade após o retorno ao trabalho. Outras situações de trabalhadores indevidamente classificados deverão ser revistas pela empresa;
  • Fim da substituição das operadoras de caixa por empacotadoras, com exceção dos casos em que estas últimas estiverem em treinamento para se tornarem operadoras, caso no qual deverão receber a correspondente “quebra de caixa”;
  • Fim dos descontos por mercadorias perdidas após o checkout, também conhecido como “golpe do carrinho”;
  • Fim do pagamento em 48 horas por eventuais diferenças de caixa, que a partir de 30 dias passarão a ser cobradas somente no contracheque seguinte;
  • Manutenção da homologação no Sindicato das rescisões de contrato dos funcionários com mais de 12 meses de casa, permitindo que a entidade verifique se todas as verbas rescisórias foram efetivamente pagas pela empresa aos demitidos;
  • Autorização para entrega do atestado médico até 48 horas após a alta, e não imediatamente após o dia não trabalhado, como atualmente é exigido pela empresa;
  • Criação de local reservado para a revista das bolsas dos funcionários ao final do expediente, em todas as lojas, feita sempre por funcionários do mesmo sexo que os trabalhadores revistados, evitando revistas vexatórias na frente dos clientes;
  • Autorização para o Sindicato fiscalizar todas as eleições das CIPAs, que vinham ocorrendo no Mundial de forma irregular;
  • Reintegração dos funcionários demitidos em função de sua participação no movimento grevista;
  • Fim do caixa único para funcionários. Cada loja terá que disponibilizar pelo menos três checkouts para que os trabalhadores possam fazer suas compras no final do expediente;
  • Garantia de acesso do Sindicato às lojas da rede para conversas e distribuição de material impresso junto aos funcionários durante o horário de expediente.

O Mundial também se compromete a:

  • Apresentar em 2018 proposta de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) a todos os seus funcionários;
  • Reduzir o intervalo entre o lanche e a refeição do pessoal da frente de loja no turno da tarde;
  • Estudar implementação de um Plano de Cargos e Salários;
  • Analisar concessão de adicional de insalubridade dos funcionários do setor de laticínios.

Feriado – A decisão de suspender por hora o estado de greve levou em consideração estudo feito pelo Sindicato sobre o impacto das mudanças no contracheques. Ao tomar por base o salário médio dos funcionários do Mundial, que varia entre R$ 1.200 e R$ 1.300, o valor pago por uma jornada de oito horas nos feriados com adicional de 100% fica entre R$ 43 e R$ 45. Com os descontos, esse valor cai para a faixa entre R$ 39 e R$ 40. Na última contraproposta a empresa ofereceu aumentar para R$ 35 o valor pago pelo feriado trabalhado, na forma de vale-alimentação, que poderá ser utilizado em qualquer estabelecimento comercial.

“O valor a ser pago pelo feriado está abaixo do que gostaríamos, mas os trabalhadores colocaram na balança. Avaliaram que não compensava correr o risco de perder o conjunto de conquistas já aceito pela empresa. Perder o domingo seria um prejuízo muito maior, porque são 58 domingos contra apenas 10 feriados por ano. Nossa campanha pelos 100% nos feriados vai continuar, começa desde já e vai se intensificar na Campanha Salarial de 2018. Queremos que essa seja uma conquista para os trabalhadores de todos os supermercados”, disse o presidente do Sindicato, Márcio Ayer.

Um leão por dia – “Com nossa união e nossa força já conquistamos muito. Suspender a greve agora não significa que vamos parar a luta. Vamos estimular nossos companheiros a superar o comodismo e o medo. Hoje temos um Sindicato que chega junto na defesa dos nossos interesses. Vamos matar um leão por dia”, acrescentou uma funcionária da loja na Cacuia. “Além das conquistas no Acordo, ficamos também felizes com o aumento no grau de consciência dos funcionários do Mundial, que saem daqui hoje de cabeça em pé, sabendo que são uma inspiração para a classe trabalhadora de todo o país. O patamar de direitos conquistado será uma referência para as próximas lutas no Guanabara, no Extra, no Campeão, no Superprix, no Prezunic e em todos os supermercados do Rio”, disse o diretor do Sindicato Jorginho de Paula, que é também locutor no Mundial.

Nos últimos dias, a empresa deixou vazar a informação de que pretende adiantar para o próximo dia 29/12 o pagamento dos salários referentes ao mês de dezembro, dentre outras medidas de um “pacote de bondades” feito para distensionar o clima entre os funcionários. Os trabalhadores do Mundial, no entanto, dizem estar com “sangue nos olhos” e avisam que qualquer retaliação aos funcionários que participam do movimento será respondido de forma dura com novas paralisações.

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