Comerciários do Mundial deram um exemplo de luta para os colegas dos supermercados cariocas e para todos os trabalhadores do Brasil.
Em Assembleia realizada nesta segunda-feira (13/11), na sede do Sindicato dos Comerciários do Rio, mais de 700 trabalhadores do Mundial disseram NÃO à retirada de direitos e decretaram ESTADO DE GREVE. A paralisação poderá ocorrer caso a empresa não atenda as reivindicações aprovadas pelos trabalhadores.
O movimento começou com a decisão arbitrária da empresa de não mais remunerar os domingos e feriados com adicional de 100%. Em resposta, os comerciários iniciaram manifestações espontâneas em quase todas as lojas da empresa. Os protestos acabaram incorporando uma série de outras reivindicações, como o acesso ao espelho de ponto e o fim do acúmulo/ desvio de função. O Sindicato prontamente apoiou esse movimento e ajudou na sua organização.
Os funcionários do Mundial aprovaram por unanimidade as exigências que serão apresentadas, na qual cobram:
- fim do acúmulo e desvio de função;
- volta do pagamento do adicional de feriados;
- acesso ao espelho de ponto;
- reenquadramento das caixas como “operadoras de caixa” ao invés de “atendentes”;
- instalação de esteira rolante nos caixas;
- pausa para lanche também para os trabalhadores de frente de loja;
- pagamento de participação nos lucros e resultados (PLR) a todos os funcionários.
Disposição de luta – “Com a autorização dos trabalhadores, vamos buscar um acordo coletivo que atenda às reivindicações. Caso caso contrário, vamos iniciar uma greve que nem a empresa nem o governo Temer jamais esquecerão”, comentou o presidente do Sindicato, Márcio Ayer. Ele informou ainda que o Sindicato vai notificar o Mundial das reivindicações e que já há reunião agendada com a empresa, na próxima quinta-feira (16/11), no Ministério Público do Trabalho.
“Os funcionários do Mundial já mostraram que tem coragem e disposição para seguir na luta até o fim. Tem total apoio do Sindicato”, comentou a vice-presidente Alexsandra Nogueira. O diretor do Sindicato Jorge de Paula, que é locutor na rede Mundial, também deu o seu recado: “Sonhei com esse dia. Fico feliz em saber que todos vocês estão apoiando a causa junto com o Sindicato. Comerciário é gente guerreira!”.
Reforma trabalhista – “Com o resultado dessa assembleia, a ‘deforma trabalhista’ começa a desmoronar. Essa decisão vai servir de exemplo para outros trabalhadores para enterrarmos o Decreto do Temer que transforma domingos e feriados em dias comuns nos supermercados”, disse o presidente da seção fluminense da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RJ), Paulo Sérgio Farias. O movimento também recebeu o apoio do Sindicato dos Comerciários de Nova Iguaçu e do Sindicato dos Promotores de Vendas do Rio.
“Mexeram com as nossas famílias e com o nosso bolso. Falam de crise para cortar no contracheque, mas ao mesmo tempo estão abrindo novas lojas. Não vamos aceitar esse esculacho”, reclamou a diretora do Sindicato Rosângela Rocha. “Se tiver retaliação a qualquer dos funcionários, vamos parar geral”, emendou o diretor José Cláudio Nogueira.
Com a palavra, os trabalhadores do Mundial – Com essa vitoriosa assembleia, justamente no primeiro dia útil de vigência da reforma trabalhista, os comerciários podem ter dado início a uma onda de protestos nacional contra as mudanças nas leis que protegem os trabalhadores. Foi um verdadeiro desabafo coletivo de mães e pais de famílias que não aguentam mais tanta exploração. Em comum, todas as falas apontavam para a mesma mensagem: trabalhadores unidos e organizados podem impôr respeito aos patrões e ao governo Temer.
“Estamos aqui lutando pelos nossos direitos e pelos direitos das nossas famílias. O que o Mundial quer fazer é nos colocar contra o Sindicato, mas eu acompanhei de perto, fui à Central e vi tudo. Trabalhador de verdade tem que ter coragem e ter lado!”, disparou JLM, da filial Cacuia. “Fazemos parte de um momento que está revolucionando o Estado do Rio. Estamos aqui para lutar pelos nossos direitos, nossos domingos e nossos feriados. Unidos, nós vamos conseguir”, disse FGR, da filial Taquara. “É um absurdo o gerente geral levar R$ 70 mil ou R$ 80 mil nas nossas costas. A participação nos lucros também tem que ser nossa”, comentou sobre a inclusão da PLR na pauta de reivindicações a funcionária GMP, da filial do Largo da Segunda-feira.
Os trabalhadores mostraram que não estão de brincadeira. Organizados em torno do Sindicato vamos fazer os patrões do Mundial e de todo o comércio do Rio entenderem que merecemos mais respeito e não aceitamos nenhum direito a menos!
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