Ameaça ao presidente não mudará rotina de luta do Sindicato

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Marcio assina ficha de filiação à CTB - página 2“Não vão nos intimidar”, declarou o presidente do Sindicato dos Comerciário RJ, Márcio Ayer, sobre a ameaça de morte que recebeu por telefone na madrugada da última quarta-feira (14). “Sabemos que estamos incomodando muita gente poderosa que fazia uso da entidade sindical em benefício próprio, sem se importar com os interesses dos trabalhadores. Mexemos no vespeiro de um pessoal barra pesada e já esperávamos alguma reação. Vamos continuar fazendo nosso trabalho de defender os comerciários e lutar em defesa dos seus direitos,” destacou o dirigente.

O episódio foi noticiado pelo jornal Extra da última sexta-feira (16). Várias personalidades do mundo político e sindical fizeram declarações de apoio e solidariedade ao presidente, dentre elas as deputadas Jandira Feghali e Enfermeira Rejane, ambas do PCdoB/RJ, o presidente da seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil, Dr. Felipe Santa Cruz, além da Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil/RJ.

A data da ameaça coincidiu com o aniversário de um ano da intervenção judicial que tirou da direção da entidade um grupo que permanecia há quase 50 anos no poder. Está sendo investigado o desvio de mais de R$ 100 milhões nesse período. Para Márcio Ayer, isso mostra a gravidade da ameaça, mas reafirma que a ameaça não mudará a rotina de luta da entidade. “Felizmente, temos ao nosso lado uma diretoria muito unida, a própria categoria dos comerciários, o Ministério Público e a Justiça. Vamos continuar trabalhando como se nada houvesse acontecido”, avisa o presidente do Sindicato.

Há um ano os Mata Roma deixavam o Sindicato Em 1966, em plena ditadura militar, Luizant Mata Roma assumiu como interventor a direção do Sindicato. Ficou no cargo por 40 anos, com uma gestão marcada pela falta de democracia e pelas fraudes para a manutenção do poder. Otton Mata Roma “herdou” o Sindicato com a morte do pai em 2006. Luizant construiu uma rede de serviços assistencialistas para poucos associados, nem todos comerciários. Otton nem isso. Nos oito anos em que ele esteve à frente da gestão, a entidade viu ruir seu patrimônio. O Sindicato deixou de manter, por exemplo, as delegacias sindicais da Tijuca, Méier, Madureira e Largo de São Francisco.

Os principais desvios – Em outubro do ano passado, o juiz Marcelo Moura, da 19ª Vara do Trabalho, decretou a intervenção judicial no Sindicato. A decisão pôs fim a uma fraude, pois os principais diretores nem comerciários eram. O próprio presidente afastado nunca trabalhou no ramo. É empresário, dono de empresas de táxi aéreo e outros negócios. Além de Otton, foram afastados o vice Raimundo Ferreira, o tesoureiro Juraci de Souza e o secretário-geral Gil Roberto Castro, todos com super salários acima de R$ 30 mil, cartão de crédito corporativo liberado e diversos parentes empregados no Sindicato.

O dinheiro do Sindicato era drenado por um esquema mafioso. Na auditoria que continua em andamento sobre a movimentação financeira da última gestão (2009-2014), foram identificados até o momento um rombo milionário de R$ 23 milhões nas contas bancárias; dívidas de R$ 45 milhões em impostos; R$ 10 milhões em despesas suspeitas com advogados; prejuízo de R$ 5,2 milhões por juros e multas de obrigações pagas em atraso; gastos pessoais dos dirigentes pagos pelo Sindicato, incluindo viagens ao exterior e estadas em hotéis de cinco estrelas; e muitos outros desvios e transações suspeitas. A cobrança da maior parte dos impostos e contribuições sindicais era feita por empresas possivelmente montada por membros da própria família Mata Roma, que exigia 45% sobre tudo que era arrecadado.

Não é possível contabilizar tudo o que foi desviado, pois os rastros de muitos desvios foram apagados, mas o prejuízo estimado é de pelo menos R$ 99 milhões desde 2009. Se apenas em cinco anos tanto foi perdido, é difícil imaginar o prejuízo acumulado nos 40 anos em que o Sindicato foi controlado pelo mesmo grupo.

Manifestações de solidariedade:

“Presto aqui a solidariedade de meu mandato aos 400 mil comerciários do Rio que, próximo de comemorar o seu dia, tiveram o seu presidente sindical, Márcio Ayer, ameaçado de morte. Márcio, força! Que a polícia identifique os criminosos e puna com o rigor da lei. ?#?NãoPassarão” ?Jandira Feghali, deputada federal (PCdoB\MG)

“Presto aqui a solidariedade e o apoio do meu mandato, ao presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio, Márcio Ayer, pela ameaça de morte sofrida. É lamentável que a categoria dos comerciários, que está em luta em defesa dos seus direitos, ainda tenha que conviver com esse tipo de prática criminosa. Que a polícia identifique e puna os responsáveis”. Enfermeira Rejane, deputada estadual (PCdoB\RJ)

“O Sindicato esteve distante dos interesses dos trabalhadores durante mais de cinquenta anos. Nesse contexto, a mudança na gestão representa uma grande ruptura, o que certamente não agradou o patronato nem aqueles que utilizavam o dinheiro dos trabalhadores para fins pessoais e familiares. Não é novidade o uso de ameaças para tentar inibir a atuação política combativa. O uso desse expediente demonstra que o Sindicato ruma no sentido certo ao incomodar aqueles que boicotam o princípio democrático”. Felipe Santa Cruz, presidente da OAB/RJ

Manifestamos nossa solidariedade à Márcio Ayer, sua família e todos os dirigentes e base social do Sindicato dos Comerciários. Os ataques feitos ao presidente da entidade atingem a todos nós e ao movimento sindical como um todo. A CTB está ao lado dos comerciários e seguirá firme na luta contra máfias que engessam e denigrem o movimento sindical. Tomaremos todas as medidas cabíveis e seguiremos fortes na luta por um movimento sindical classista, democrático e de luta. CTB – Rio de Janeiro

 

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