Feriado dos Comerciários, dia de luta

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Na imagem, o diretor Douglas de Freitas conversa com funcionários de hortifruti que burlou o feriado e foi multado pelo Sindicato

No Dia do Comerciário, comemorado nesta segunda-feira (19) no Rio, os comerciários cariocas ganharam de presente um Sindicato sintonizado com o sentimento da categoria e pronto para lutar por seus interesses. Quatro equipes de agentes sindicais foram às ruas para fechar estabelecimentos que abriram em flagrante desrespeito ao descanso que é assegurado por lei aos trabalhadores do comércio.

Todas as lojas dos shoppings, grandes centros comerciais e principais redes varejistas da cidade permaneceram fechadas, mas ainda assim, orientadas pelas denúncias dos comerciários, as equipes de fiscalização tiveram muito trabalho. Quase cinquenta lojas foram fechadas, tiveram que liberar seus funcionários e receberam autuações pelo funcionamento indevido no feriado. Foi de tirar o sono do patrão!

Para o presidente do Sindicato, Márcio Ayer, as ações de fiscalização são fundamentais para fazer com que os direitos dos comerciários sejam assegurados. “Se não respeitam o feriado no Dia do Comerciário, o que esperar do cumprimento das demais regras trabalhistas? O jogo é duro. Temos o grande desafio de conseguir ganhos reais nos salários e nas condições de trabalho. Estamos trabalhando forte para isso, mas precisamos que os trabalhadores se organizem e procurem o Sindicato para se incorporar à luta. Juntos, vamos conseguir as conquistas que nossa categoria tanto precisa”, avaliou o presidente.

A maior parte do comércio fechado pela ação do Sindicato era formada por pequenas lojas de bairros, açougues e minimercados. No entanto, filiais de redes maiores também foram flagradas descumprindo a lei, dentre elas os supermercados Zona Sul e a rede de lojas de conveniência Americanas Express. O abuso era tanto, que a filial da Americanas Express na Av. Nossa Senhora de Copacabana, que já havia sido notificada e fechada pelo Sindicato no meio da tarde, voltou a abrir no final do dia. O estabelecimento foi novamente fechado por iniciativa dos agentes sindicais. A imagem da loja ficou manchada junto aos consumidores, muitos dos quais, solidários à causa dos comerciários, aplaudiram os agentes sindicais.

Trabalho com portas fechadas – A filial do supermercado Zona Sul na Rua Gustavo Sampaio, no Leme, embora não tenha aberto as portas ao público, convocou seus funcionários para trabalhar internamente. Acionado por denúncias, uma equipe do Sindicato foi ao local e, na primeira “batida”, liberou cinco trabalhadores. “Mais tarde fomos avisados que vários trabalhadores foram “escondidos” no interior da loja pelos agentes de segurança. Embora tenhamos sido impedidos de voltar a entrar na loja, conseguimos fotografar os trabalhadores que ainda estavam retidos, o que servirá de prova na ação trabalhista que será movida contra o supermercado”, conta a diretora Tânia Herthal, que liderou a equipe de fiscalização na Zona Sul.

A história do feriado – Em 29 de outubro de 1932, os caixeiros – como eram conhecidos os trabalhadores do comércio – se reuniram em manifestação no Largo da Carioca, Centro do Rio, contra a exploração e aos abusos a que eram submetidos pelos patrões. Outros trabalhadores se juntaram aos comerciários, como ferroviários, professores e jornalistas. O grupo marchou para a sede da Presidência da República, onde apresentou suas reivindicações ao então presidente Getúlio Vargas. Da sacada do Palácio, Vargas discursou para as cinco mil pessoas – uma multidão para os padrões da época – que exigiam um trabalho mais digno e humanizado.

Naquela mesma data, o então presidente atendeu às reivindicações dos comerciários e assinou o decreto que criou a Carteira de Trabalho, instituiu o repouso semanal remunerado aos domingos e acabou com a carga horária de 12 horas diárias. “Até hoje nos inspira o exemplo daqueles companheiros comerciários que, na década de 1930, lutaram contra as precárias condições de trabalho. É uma história que precisa ser tirada do esquecimento. Neste Dia do Comerciário, prestamos nossa homenagem a todos os trabalhadores do comércio – tanto os do passado quanto os do presente – e reafirmamos nossa renovada disposição de luta pela valorização da profissão com melhores salários e condições de trabalho”, afirma o diretor de Saúde, Cultura, recreação e Lazer, Antônio Santos Junior.  

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