Trabalhadores da FOLIC fazem manifestação em Copacabana

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Justiça: essa foi a palavra de ordem do ato organizado por ex-funcionários da grife Folic que não receberam suas rescisões contratuais. Segundo os manifestantes, desde julho do ano passado mais de 400 funcionários foram demitidos, a maioria sem receber o que era devido, o que levou muitos a acionar a empresa na Justiça do Trabalho. A manifestação, que aconteceu no último sábado (29), foi realizada em frente a uma das lojas de melhor faturamento do grupo, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, na Zona Sul do Rio, e contou com o apoio do Sindicato dos Comerciários.

De acordo com os demitidos, na primeira audiência a empresa propõe um acordo, mas não o cumpre na hora do pagamento. “Os trabalhadores se organizaram e mobilizaram o ato. O Sindicato se agregou ao movimento e vai ajudar essa luta até que todos tenham recebido seus direitos,” avisou o presidente do Sindicato dos Comerciários, Márcio Ayer, que participou da atividade. “Vamos cobrar justiça!”, conclamou o dirigente.

Dentre os funcionários que não receberam, muitos apontam também que a empresa não depositou completamente o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), e que o prejuízo é ainda maior. “Vários que conseguiram na Justiça o direito de receber o Fundo de Garantia ainda amargaram verificar que a empresa não depositou todas as parcelas devidas,” destacou Edgar Rainha da Silva, que trabalhou na empresa por mais de dez anos e hoje é um dos líderes do movimento. O ex-funcionário fez um acordo na Justiça segundo o qual a Folic deveria pagar a primeira parcela do acordo em 15 de julho, mas o depósito não foi feito. O não pagamento do acordo foi confirmado por outra ex-funcionária, a costureira Valéria Coelho da Silva, que deveria ter recebido a primeira parcela em novembro do ano passado. “O oficial de justiça foi até uma loja e não havia nenhum valor no caixa, depois foi ao escritório da loja e também não conseguiu encontrar nada que pudesse ser confiscado,” disse a trabalhadora.

Clientes desistem das compras – “Nós queremos receber nossos direitos. Estamos aqui em frente à uma das lojas do grupo. Quando souberam da manifestação, eles mudaram a fachada e agora a loja se chama Its. Mas ainda é possível ver no letreiro a marca da Folic. As roupas e acessórios na vitrine, a embalagem para os clientes, tudo é da Folic,” protestou Valéria. Os manifestantes foram unânimes em afirmar que apesar do grupo Folic/ Check List ter passado a ser administrado no sistema de franquias, os donos continuam os mesmos. “Eles dizem que a empresa faliu, mas nós que trabalhamos lá sabemos que vende, e vende muito. O que eles fizeram foi mudar o nome para dar o calote nos trabalhadores,” afirmou um dos manifestantes, que não quis se identificar por medo de represálias.

“Aqui ainda é a Folic”, protestavam os manifestantes. Muitos clientes que presenciaram o ato se solidarizaram com os manifestantes. “Não é a crise, é calote mesmo,” reclamou uma das clientes que, ao sair da loja, exibiu a bolsa de compras com a marca da empresa. Outra cliente disse que sempre comprou na loja, mas que ficou indignada ao saber que os trabalhadores não estão recebendo os seus direitos. “Eu disse à gerente que isso é um absurdo, e que não precisava mais contar com minhas compras na loja,” reclamou, aplaudida pelos manifestantes.

Próximo passo – “Vamos dar muita dor de cabeça aos patrões da Folic, até que eles tenham bom senso e honrem seus compromissos com os trabalhadores”  prometeu Márcio Ayer. Está agendada uma reunião na próxima quarta-feira (02), às 10h, entre com o corpo jurídico do Sindicato, os manifestantes e seus advogados, para unificar os encaminhamentos e encontrar soluções para que todos recebam seus direitos. Nessa reunião será construído um calendário de atividades dos trabalhadores e uma manifestação ainda maior, que mobilize mais funcionários do grupo que foram prejudicados.

Outro encaminhamento aprovado pelos manifestantes foi o lançamento da campanha “Ainda é Folic”, para esclarecer a sociedade de que a empresa não faliu, apenas mudou de nome. “Seus donos exibem carrões como BMWs e moram em belos apartamentos na Zona Sul, enquanto nós estamos passando por dificuldades. Queremos apenas justiça!,” declarou uma manifestante, outra que não quis se identificar, com medo de não conseguir novos empregos no comércio por influência dos donos da Folic junto aos demais lojistas da cidade.  

Pressão e negociação – A manifestação aparentemente deu resultados. Na tarde desta segunda-feira (31), representantes da Folic entraram em contato com o Departamento Jurídico do Sindicato dos Comerciários para solicitar uma reunião, que ficou marcada para a próxima quarta-feira (2/9), às 9h, na sede do Sindicato.

Folic Folic2 Folic3Imagens: Wellington Santos/ SECRJ

 

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