Posse da nova diretoria: o SECRJ é de novo dos comerciários

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O presidente Márcio Ayer se dirige à Mesa para assinar o termo de posse
O presidente Márcio Ayer se dirige à Mesa para assinar o termo de posse
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A vice-presidente Aleksandra Nogueira assina o termo de posse

Diretoria completa

Após o julgamento dos últimos recursos apresentados pelas chapas derrotadas, a Comissão Eleitoral deu posse na tarde dessa sexta-feira (26) à nova diretoria do Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, Miguel Pereira e Paty do Alferes (SECRJ). A posse fecha o ciclo da intervenção judicial iniciada em outubro do ano passado e, após de décadas de domínio da família Mata Roma, devolve o controle da entidade aos trabalhadores da categoria.

Com 82,4% dos votos dos comerciários sindicalizados, foi eleita a Chapa 1 “A hora da mudança”. À frente da nova diretoria está o presidente Márcio Ayer, comerciário de 30 anos, empregado numa loja de material de construção no bairro do Rio Comprido.

Na solenidade de posse, ele ressaltou que a vitória da Chapa 1 representa a vontade dos trabalhadores em retomar para si o Sindicato. “Essa importante vitória mostra que os trabalhadores querem o SECRJ de volta para construir um novo caminho! E essa é a nossa tarefa: trabalhar incansavelmente para que os comerciários do Rio de Janeiro possam ter um sindicato combativo e de luta. Não vai faltar empenho e não vai faltar trabalho. Nossa direção será democrática, colegiada, com transparência e moralidade, para que esse Sindicato seja uma vitrine nacional para todo o movimento sindical. Vamos passar uma borracha no passado e construir um novo tempo. O comerciário vai ter voz e vai participar junto conosco na luta por melhores condições de trabalho. Nossa hora começa agora!”, finalizou.

Invasão – Apesar de nenhum incidente ter sido registrado nas urnas, o processo eleitoral foi marcado por tensão após a invasão e depredação da Sede do Sindicato, na madrugada anterior à votação, por mais de 200 capangas. Os invasores chegaram ao Rio em ônibus vindos da capital paulista e, segundo testemunhas, invadiram a Sede com dois objetivos: destruir as urnas para interromper o processo eleitoral, e destruir documentos da auditoria que investiga as contas das duas últimas gestões do Sindicato.

Alertada pela vizinhança, a Polícia Militar chegou rapidamente ao local e prendeu todos os envolvidos na ação. Os vândalos foram encaminhados à 5ª Delegacia de Polícia, na Lapa, e posteriormente encaminhados aos presídios de Bangu. “Eles contam que foram contratados por R$100 mais a alimentação para participar de uma manifestação”, afirmou o delegado Marcus Oliveira, responsável pela investigação, que vai continuar até que sejam identificados os mandantes da invasão.

Entenda a intervenção – O SECRJ estava desde o dia 15 de outubro do ano passado sob intervenção da Justiça, decretada pelo juiz Marcelo Antônio de Oliveira Alves de Moura, titular da 19ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho. O Ministério Público do Trabalho, cuja Ação Civil Pública motivou a decisão, acusa a antiga diretoria de falta de legitimidade para estar à frente da entidade (nenhum dos principais dirigentes era comerciário), desvio de recursos, enriquecimento ilícito, favorecimento de parentes, num grande esquema de corrupção que quase arruinou o patrimônio do Sindicato.

Entre indícios de desvios, falhas de gestão e impostos não pagos, estima-se um rombo de R$ 99 milhões nas contas do Sindicato apenas nos últimos cinco anos. Foram afastados o presidente Otton da Costa Mata Roma (que acumulava o cargo de secretário de relações internacionais da central sindical UGT), o vice Raimundo Ferreira Filho (secretário executivo da UGT), o tesoureiro Juraci de Souza Junior e o secretário geral Gil Roberto da Silva e Castro. Todos tiveram os bens bloqueados e foram impedidos de participar do processo eleitoral.

Segundo investigações conduzidas pela intervenção, para manter o poder político, a diretoria afastada fraudava eleições com o respaldo de comissões eleitorais controladas pelos Mata Roma e pela UGT.  Desta vez, a comissão eleitoral nomeada pela Justiça do Trabalho instalou uma infraestrutura à prova de fraude, com cédulas, urnas, um forte esquema de segurança e editais com regras rigorosas que garantiram o bom andamento da eleição.

Novos tempos – A eleição da semana passada foi a primeira nos últimos 50 anos sem a participação dos Mata Roma dentre os candidatos. Apesar dos percalços, o pleito foi concluído de forma transparente e democrática. E a voz dos comerciários, expressa nas urnas, afirmou em alto e bom som que o SECRJ voltou a estar à serviços dos trabalhadores do comércio. “Uma nova era se inicia na história em nosso Sindicato. Vamos abrir nossas portas e dizer para os comerciários: entrem que a casa é de vocês!”, resumiu o presidente Márcio Ayer.

Perfil do novo presidente

Márcio Ayer Correia Andrade tem 30 anos, é casado, tem um filho e mora em São Gonçalo, onde cursou Sistemas de Informação até o segundo período na Universidade Paraíso. Filho de uma ex-funcionária da Mesbla e de um autônomo, Márcio começou a trabalhar no comércio informalmente aos 18 anos, em uma empresa de gás.

Há oito anos trabalha no comércio do município do Rio de Janeiro. Atuou no ramo de material hospitalar, como auxiliar administrativo, e exerce hoje o mesmo cargo numa loja de material de construção, no bairro do Rio Comprido.

Consciente dos desmandos da antiga administração da família Mata Roma à frente do Sindicato, Márcio foi motivado pelo espírito de mudança que tomou conta da instituição a partir da intervenção da Justiça. Eleito com mais de 80% dos votos, vai reforçar esse sentimento de renovação com o entusiasmo de sua juventude.

Compromissos – Suas principais bandeiras são: democratizar o SECRJ; elevar o protagonismo do Sindicato no cenário nacional; reaproximar a entidade de sua base; resgatar a dignidade dos comerciários; lutar pelos interesses da categoria; e buscar na Justiça a devolução de tudo que foi desviado pela fraudulenta gestão anterior.

Os primeiros atos de Márcio Ayer à frente do SECRJ serão: colaborar com a investigação para responsabilizar os invasores e mandantes da depredação ao Sindicato; reconstruir o que foi destruído na invasão; continuar com a auditoria sobre as costas das gestões passadas, iniciada na intervenção judicial; fortalecer o Departamento Jurídico para melhor atender ao associado; promover uma verdadeira campanha salarial, defendendo melhores salários, benefícios e ampliação dos serviços de assistência para a categoria; recuperação dos imóveis do Sindicato, além de manter o nível de informação e diálogo com os comerciários por meio da estrutura de Comunicação do SECRJ.

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