Não existe “estupro culposo”

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O caso da jovem Mari Ferrer, que foi humilhada no julgamento em que era vítima de estupro, comoveu e revoltou o país. “Nem os acusados de assassinato são tratados como eu estou sendo tratada”, disse ela ao prantos, sem entender porque passava por aquela situação.

estupro

Durante o julgamento, repita-se, em que ela era a vítima de estupro, o advogado do acusado lançou sobre a jovem injúrias e acusações descabidas, apresentando fotos da menina e dizendo que “jamais teria uma filha como Mariana”.

Para piorar, juiz e Ministério Público nada fizeram para impedir o linchamento. Por fim, o que veio a ser ainda mais estarrecedor. Apesar das provas periciais do crime que encontraram o sêmem do acusado no vestido da jovem e o sangue dela, o juiz do caso entendeu que não havia provas suficientes e que o acusado não saberia que ela não estava em sã consciência para fazer sexo. Isso gerou o que está sendo chamado de “estupro culposo”, aquilo que não teria intenção de ser feito.

A situação é mais um exemplo deplorável de uma sociedade machista, que nega a prática do estupro, colocando na vítima a culpa pelo ocorrido, como se a forma de se vestir desse alguma autorização para alguém estuprar. 

A postura do advogado do acusado e dos membros do judiciário merecem todo o nosso repúdio. Não é possível que em 2020 ainda se tenha que escutar que a vítima era a culpada, que ela “provocou”. O que se espera agora é que o caso seja revisto.  

Estupro é crime sempre. Mulheres, não se calem! O Coletivo Margaridas do Sindicato dos Comerciários se soma a indignação que tomou conta do país e espera um novo desfecho para o caso. Mais do que isso, acreditamos que é possível mudar essa cultura do machismo, do estupro, por uma sociedade de direitos iguais para homens e mulheres, com respeito mútuo entre todos.

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