Via Varejo aumenta lucro nas costas do trabalhador

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Ilustração: Chris Boari/ Comerciários

Dona do Ponto Frio e das Casas Bahia, a gigante Via Varejo mostrou no seu balanço anual que teve lucro de R$ 195 milhões em 2017, já descontados salários, impostos e pagamentos a fornecedores. “Eles dizem que o resultado, bem melhor que do ano anterior, veio com aumento das vendas, mas os trabalhadores sabem que o que cresceu pra valer foi a exploração”, dispara o presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio, Márcio Ayer.

Os funcionários da Via Varejo, incluindo diretores do Sindicato, denunciam o aumento das demissões, do acúmulo de função e do assédio moral. “A empresa demitiu todas as analistas de crédito e passou o serviço para as operadoras de caixa. Elas agora tiram nota fiscal, atendem telefone, entrevistam e enviam propostas para análise de crédito. Como não estão preparadas, está dando muita diferença. A fila na loja virou um caos, com muita reclamação dos clientes e estresse para os funcionários”, exemplifica o diretor do Sindicato Renato Bernardino, vendedor das Casas Bahia no NorteShopping.

Sem benefícios – A Via Varejo faturou em 2017 R$ 4,5 bilhões. Apesar disso e da redução do quadro, não anunciou nenhuma melhoria nos benefícios para os funcionários. “Continua nossa briga por um plano de saúde melhor, bem como pelo aumento da cesta básica, que hoje a gente só pode comprar na rede GPA (Extra, Assaí e Pão de Açúcar), mais cara do que a concorrência. Faturaram mais, mas não repartiram com ninguém”, acrescenta o diretor sindical Douglas de Freitas, vendedor no Ponto Frio na Uruguaiana.

Em seu balanço, a empresa também destaca uma “excepcional Black Friday”, sem falar que os funcionários tiveram que trabalhar direto, bem acima dos limites da CLT. Aponta ainda aumento das vendas feitas pela internet, o que também afeta os vendedores comissionistas.

Sem comissão – “Com a confusão na loja e preços menores no site, muita gente prefere comprar pela internet. O vendedor perde duas vezes, porque a venda online não paga comissão, mesmo que a gente entregue os produtos, dê explicações e faça trocas”, conta Bernardino. “Às vezes, o cliente que vai à loja ver o produto, pega toda a informação com o vendedor e ainda compra na nossa frente usando o celular”, diz Daniele Moretti, diretora do Sindicato e funcionária das Casas Bahia em Bangu. O diretor Vinícius Oliveira, vendedor do Ponto Frio em Madureira, também se queixa do “mandrake” feito pela empresa no crediário: “Cobram juros do cliente, mas pagam ao vendedor sobre o valor à vista”. 

A próxima Campanha Salarial está batendo à porta. Tá na hora de decidir pelo quê vamos brigar. O pessoal que trabalha na Via Varejo já mostrou que tem disposição de sobra pra ir à luta. Desde já, estão todos convidados para vir às assembleias, participar e se sindicalizar. Sem participação não tem conquista”, convoca o presidente Márcio.

Raio X da Via Varejo Empresa brasileira fundada em 2010 pela fusão das Casas Bahia (família Klein) ao Ponto Frio (Grupo Pão de Açúcar GPA*). Participação societária: GPA 43,3%, família Klein 27,3%, ações na bolsa de valores 29,3%. Presença: 1.030 lojas em mais de 400 municípios brasileiros, 19 estados e no DF. Quadro de funcionários: 66 mil em todo o país, pelo menos quatro mil no Rio de Janeiro.

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