Uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que os dados de inserção da população negra no mercado de trabalho pioraram no país durante a pandemia da Covid-19.
O período observado do 1º ao 2º trimestre de 2020, segundo a pesquisa Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que 8,9 milhões de pessoas perderam o emprego ou deixaram de procurar colocação no mercado de trabalho. Do total, 6,4 milhões são negros ou negras, e 2,5 milhões de trabalhadores não negros.
Márcio Ayer, presidente do Sindicato dos Comerciários, falou um pouco sobre este tema. “É evidente que temos uma dívida histórica com essa parcela da população, por isso precisamos ter cada vez mais ações afirmativas e políticas públicas de inclusão dos negros no mercado de trabalho”. Em seguida, ele comentou a pesquisa: “Por mais que os dados sejam péssimos, eles não trazem espanto, pois infelizmente é um problema que enfrentamos há muito tempo no país”, concluiu.
De acordo com o Dieese, para os não negros o impacto da pandemia foi menor: dos 2,5 milhões que perderam o emprego, 59% voltou a trabalhar em 2021. Por outro lado, para os negros esse número chega a 47%. Além disso, caso a pessoa esteja empregada, o seu rendimento médio também é menor.
Na região sudeste do país (gráfico no final), por exemplo, a média salarial de não negros chega a R$ 3.845, enquanto a dos negros é de R$ 2.207. O mesmo vale para o percentual de trabalho desprotegido e para a ocupação de cargos de chefia e direção (7,6% contra 3%).
Para os negros, a taxa de desemprego é sempre maior do que a dos não negros. Entre os homens observados pela pesquisa, ficou em 13,2% no 2º trimestre de 2021 e, para os não negros, 9,8%.
O nível de ocupação não voltou ainda ao patamar observado no primeiro trimestre de 2020, período de início da pandemia. Em 2021, são 4,4 milhões de ocupações até o momento abaixo do observado antes da pandemia.
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