Carta aos trabalhadores franceses do Carrefour

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Reprodução da internet

Prezados camaradas comerciários,

A barreira da língua não será obstáculo para que possamos comunicar aquilo que qualquer trabalhador compreende. Em todo o mundo, mesmo que em diferentes estágios de luta e consciência, todos queremos salários dignos, respeito e boas condições de trabalho. Não é segredo para ninguém, no entanto, que estes direitos que deveriam ser universais não são garantidos de forma uniforme ao redor do planeta. Nem mesmo quando se trata da gestão de recursos humanos de uma marca global como é o Carrefour.

No Brasil, desde o golpe de estado que colocou no poder um fantoche a serviço dos patrões, vivemos momento de duro ataque aos direitos sociais e trabalhistas. Os trabalhadores de supermercados foram os primeiros a sentir os efeitos das deformações nas leis trabalhistas, sobretudo a partir do  decreto presidencial de Michel Temer que passou a considerar como “serviços essenciais” os supermercados. Com uma interpretação feita de má fé, o patronato entendeu que não deveria pagar mais as devidas compensações aos comerciários pelo trabalho aos domingos e feriados.

Felizmente, no final do ano, começou uma forte reação. No primeiro dia de vigência das novas regras, em outra grande rede de supermercados aqui no Rio, os funcionários decidiram cruzar os braços. Com a ameça de uma greve organizada com o apoio do Sindicato, a empresa cedeu a 90% das exigências dos trabalhadores. A notícia desta grande vitória se espalhou como um rastilho de pólvora entre os trabalhadores de outras empresas. Até que, na última semana, funcionários das lojas do Carrefour aqui na cidade, representando cerca de 1.500 colegas comerciários, vieram ao Sindicato em busca de apoio para organizar a luta contra os cortes que fizeram encolher seus contracheques.

Hoje realizamos uma grande Assembleia no Sindicato dos Comerciários do Rio para discutir e aprovar a pauta de reivindicações que será apresentada ao Carrefour (em anexo). Desde já, gostaríamos de deixar os colegas franceses cientes de todos estes acontecimentos. Na crença de que devemos sempre cultivar a solidariedade entre os trabalhadores – e dela lançar mão em momentos como esse – contamos com a maior facilidade de acesso dos camaradas à direção global da empresa para, a partir da França, exigir que o Carrefour trate com sensibilidade e respeito as exigências de seus funcionários brasileiros.

O Carrefour se tornou em 2017 o maior varejista de alimentos do Brasil, presente em mais de 150 cidades. De janeiro a setembro, o lucro líquido da empresa cresceu 56,8% e atingiu R$ 1 bilhão (aproximadamente EU$ 25 milhões). Resultado impressionante para o atual cenário de crise, que não justifica tanta mesquinharia para com os trabalhadores.

Estamos firmes nessa luta e contamos com sua solidariedade!

Saudações fraternas dos funcionários brasileiros do Carrefour e da diretoria do Sindicato dos Comerciários do Rio

Márcio Ayer, presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio

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