Sindicato cobra rapidez nas indenizações da Hermes

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Há 40 anos na Hermes, a comerciária Nea Senna foi demitida sem nada receber. Foto: Rafael Rodrigues/ Comerciários

“Quando fomos demitidos em abril passado, prometeram que seria muito rápido o acerto da nossa rescisão, porque a Hermes tinha recursos para pagar: o prédio, a mobília, o maquinário e o estoque. Passou um ano e nada aconteceu. (…) Hoje, a Justiça e o administrador judicial são os únicos que já receberam alguma coisa. O aluguel do prédio paga os honorários do administrador e o pouco dinheiro que está em caixa, disseram que é R$ 4 milhões, está rendendo na conta da Justiça. Os trabalhadores, que deveriam ser a prioridade, ainda não receberam nada”, conta, frustrada, a ex-coordenadora de T.I. Nea Senna, que dedicou nada menos que 40 anos de sua vida à empresa.

Ela foi demitida sem nada receber, na mesma situação de outros 620 colegas. “O Sindicato fez nossas homologações com ressalvas. O que permitiu que a gente recebesse FGTS e Seguro Desemprego, mas foi só isso. A ressalva era que com a venda do galpão nós começaríamos a receber. Só que agora a Hermes já não existe, o administrador judicial (AJ) mal nos atende, deixando a gente no escuro”, reclama Nea. Na manhã da última quinta-feira (8/7), ela participou de manifestação em frente ao antigo galpão da empresa, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio. Com apoio de diretores do Sindicato dos Comerciários, um grupo de ex-funcionários da Hermes fechou por alguns minutos o trânsito da Avenida Brasil, uma das principais vias da cidade, para chamar a atenção do Poder Judiciário.

Ex-funcionários da Hermes e diretores do Sindicato em manifestação em frente à antiga sede da Hermes, em Campo Grande. Foto: Rafael Rodrigues/ Comerciários
Fechamento da Avenida Brasil. Foto: Rafael Rodrigues/ Comerciários

Os trabalhadores exigem: mais transparência nas ações do administrador judicial; pagamento dos valores referentes ao termo de rescisão; multa de 40% sobre o saldo do FGTS; multa por atraso da rescisão (CLT art. 447 § 8°); diferenças do reajuste da última Convenção Coletiva e mais agilidade da Justiça Estadual na liberação destes valores. “Agradecemos muito o apoio do Sindicato em tudo o que a gente faz, mas todos têm que fazer a sua parte. Se cada um ligar para uma emissora de TV, denunciar ao Tribunal de Justiça ou se juntos fizermos uma chuva de cartas no escritório do administrador judicial, vamos aumentar a pressão para que eles se mobilizem e façam algo por nós”, cobrou dos colegas, durante o ato, a ex-gerente de vendas Leila Ferreira. “O recebimento depende da Justiça, mas o Sindicato fará tudo o que for preciso para agilizar o processo. cabe dizer que, nessa luta, as conquistas serão do tamanho da participação dos trabalhadores”, reforçou a diretora do Sindicato Daniele Moretti, que participou da atividade ao lado dos diretores Paulo Henrique da Silva, Josué Ribeiro, Douglas de Freitas e Vinícius de Moraes.

Estratégia Representando o presidente Márcio Ayer, que na ocasião cumpria agenda em Brasília, o diretor jurídico do Sindicato, Edson Machado, deu esclarecimentos sobre o processo. O sindicalista esteve presente em reunião com o administrador judicial, que teria dito que o prazo previsto para que os ex-funcionários recebam seus direitos é de três a quatro anos. Mas antes, de acordo com o AJ, será preciso pagar indenizações de centenas de outros processos trabalhistas, ajuizados desde 2012. Disse ainda o administrador que o momento não é favorável para a venda do imóvel, que estaria desvalorizado por conta da crise econômica. “Para ele, seria melhor deixar o tempo passar, o que é um absurdo!”, reclamou.

“Sentimos que o administrador está muito acomodado, sem se preocupar em resolver logo o problema dos ex-funcionários. Precisamos tirá-lo da zona de conforto. A primeira coisa a resolver são essas outras ações trabalhistas. Vamos pedir ao presidente do Tribunal Regional do Trabalho que seja dada prioridade aos julgamentos e audiências da Hermes, para matar logo esses processos pendentes e acabar com o argumento do AJ para retardar a falência. Aí vamos poder exigir a venda imediata do prédio, avaliado em R$ 22 milhões, valor mais do que suficiente para pagar a dívida com os trabalhadores, estimada em R$ 10 milhões. Para isso, vamos precisar fazer barulho para sensibilizar tanto o administrador quanto o Judiciário”, explicou Edson.

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