Funcionários demitidos escracham a Casa Cruz

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Funcionários demitidos em frente à matriz da Casa Cruz, no Largo de São Francisco. Foto: Rafael Rodrigues/ Comerciários
Funcionários demitidos em frente à matriz da Casa Cruz, no Largo de São Francisco. Foto: Rafael Rodrigues/ Comerciários

Durante pelo menos duas horas, na manhã desta terça-feira (01/11), a principal loja da rede de papelarias Casa Cruz ficou sem vender nenhum caderno sequer. Com apoio do Sindicato dos Comerciários do Rio, trabalhadores demitidos pela empresa foram à porta da filial no Largo de São Francisco, Centro da cidade, convencer os clientes a deixar de fazer ali as suas compras. Foi essa a forma encontrada por ex-funcionários para protestar contra o não pagamento de suas verbas rescisórias. Alguns estão sem receber desde o mês de agosto.

Com mais de 120 anos de existência, a Casa Cruz possui sete lojas no Grande Rio, empregando quase 400 trabalhadores. Sobre a loja do Largo de São Francisco funciona o escritório central da empresa. Apesar dos insistentes pedidos dos manifestantes, nenhum diretor desceu para conversar com os trabalhadores ou com o Sindicato.

“Aqui não estão apenas os 119 demitidos. Está presente o Sindicato que representa mais de 400 mil trabalhadores cariocas e que não vai arredar pé dessa luta enquanto houver um único comerciário injustiçado pela Casa Cruz. Daqui vamos a todas as outras filiais. Temos condições de paralisar totalmente as lojas, fazendo com que na ‘volta às aulas’ a Casa Cruz fique sem vender nada”, ameaçou o presidente do Sindicato, Márcio Ayer, que participou do ato lado dos funcionários demitidos e dos diretores sindicais Edson Machado, Rosângela Rocha, Marcelo Black, Alessandro Furtado e Douglas de Freitas.

“Vergonha, vergonha, Casa sem vergonha!”, gritavam em coro os ex-funcionários. “Esse aqui é o novo Sindicato. Acabou aquele negócio de vocês fazerem o que querem com a gente sem ninguém dizer nada”, gritou um deles. “A família do dono passando férias no exterior e a gente sem ter o que colocar no prato dos nossos filhos. Se eles pensam que nos demitindo vão nos calar, estão muito enganados. Vamos perseguir a Casa Cruz até que paguem o que nos devem”, disparou ao microfone outra funcionária demitida.

Entenda o casoQuando tomou conhecimento da situação dos demitidos, em agosto, o Sindicato foi pra cima e arrancou da empresa acordo para o pagamento parcelado das dívidas rescisórias. As rescisões deveriam ser pagas em quatro parcelas. A primeira delas foi paga com mais de dez dias de atraso em setembro, mas não há previsão para o pagamento da segunda, atrasada desde 15 de outubro.

O Sindicato já fez as homologações das demissões para que os ex-funcionários pudessem sacar o FGTS e ter acesso às parcelas do Seguro Desemprego. Só que o não pagamento da indenização está colocando os demitidos em situação difícil. Por isso, o grupo resolveu organizar os “escrachos” para forçar o pagamento por parte da empresa.

Além de apoiar as manifestações para ampliar a voz dos trabalhadores, o Sindicato, por meio de seu Departamento Jurídico, está tomando todas as medidas legais para que a empresa pague tudo o que deve aos trabalhadores, incluindo a multa pela rescisão atrasada (Art. 477 da CLT) e a multa pelo descumprimento do acordo (30% do valor a receber). Novas manifestações já estão agendadas. Casa Cruz, sua cartolina está assando.

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O presidente do Sindicato, Márcio Ayer, discursa durante a manifestação. Foto: Rafael Rodrigues/ Comerciários
Apesar dos insistentes pedidos, nenhum diretor da empresa desceu para conversar com os trabalhadores. Foto: Rafael Rodrigues/ Comerciários
Apesar dos insistentes pedidos, nenhum diretor da empresa desceu para conversar com os trabalhadores. Foto: Rafael Rodrigues/ Comerciários

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