Márcio Ayer e a luta dos comerciários no Rio

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Márcio Ayer em seu discurso de posse à frente da nova diretoria do SECRJ
Márcio Ayer em seu discurso de posse à frente da nova diretoria do SECRJ

Entrevista do novo presidente do SECRJ ao site da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ)

Há duas semanas, uma disputa pela presidência do Sindicato dos Comerciários tomou as manchetes dos jornais fluminenses após uma multidão de vândalos invadir a sede no Rio e depredar o local, além de destruir cheques, computadores e portas. Mais de 200 pessoas chegaram a ser presas no episódio, o que contou com um mutirão de policiais civis na operação. O novo presidente eleito do Comerciários, Márcio Ayer, conta como sua chegada à administração do sindicato incomodou grupos antigos e o que pretende fazer a partir de agora. O 2 Dedos de Prosa é uma entrevista do repórter João Pedro Werneck.

João Pedro Werneck: O que foram aqueles casos de depredação antes da eleição?

Márcio Ayer: Isso é o que chamamos de banditismo sindical. Contrataram gangues com dois objetivos, o primeiro era eliminar provas dos roubos milionários das gestões passadas e o segundo impedir a eleição mais democrática do período pós-ditadura militar. A investigação da polícia certamente apontará os responsáveis e as Centrais Sindicais envolvidas nesse ato criminoso.

É um sinal sério de uma doença que vem acometendo parte do movimento sindical que é a manutenção do poder a qualquer custo e um grande afastamento dos anseios dos trabalhadores. Nosso presidente da CTB, Adilson Araújo, vem fazendo esse alerta. A sua proposta de um código eleitoral sindical que democratize as entidades, impeça sucessivas reeleições e abra os sindicatos para os trabalhadores se associarem sem impedimentos pode ser a saída para que esses atos de banditismo sejam parte do passado.

JP: Quais a principais propostas de vocês na gestão?

MA: Em primeiro lugar vamos democratizar o sindicato e para isso vamos implantar um sistema de decisão que valorize a diretoria e as assembleias. Um sindicato dessa importância, com uma base de mais de 400 mil trabalhadores, precisa ter protagonismo no cenário nacional. Além disso, vamos reaproximar a entidade de sua base, resgatar a dignidade dos comerciários e lutar pelos interesses da categoria.

Quanto ao que foi roubado por anos de gestões fraudulentas, vamos entrar com ações na Justiça para que tudo seja devolvido. Como primeiras medidas nós vamos colaborar com a investigação da polícia para apurar e punir os invasores e mandantes da depredação ao sindicato; reconstruir o que foi destruído na invasão; continuar com a auditoria dos mandatos passados, iniciada na intervenção judicial; fortalecer o Departamento Jurídico para melhor atender ao associado; promover uma verdadeira campanha salarial, defendendo melhores salários, benefícios e ampliação dos serviços de assistência para a categoria; além da recuperação dos imóveis do sindicato.

JP: Qual é a opinião do senhor em relação à crise que passa o Estado do Rio. Ela afeta de que forma o setor?

MA: A crise do Estado do Rio faz parte de uma crise internacional que afeta o Brasil e principalmente os trabalhadores. Os grandes investidores procuram salvar suas fortunas saindo do setor produtivo e aplicando na especulação. O resultado é uma queda generalizada na economia. Com salários arrochados e desemprego o setor que mais sente é o do comércio. Mas os governos, tanto estadual quanto federal, tem opções de defesa do emprego e da economia e não tem usado essas opções. É preciso cobrar dos ricos a sua parcela para enfrentar a crise, não dos trabalhadores.

JP: O sistema tributário brasileiro é altamente injusto.  Os impostos sobre produtos e serviços são extremamente altos. Como isso prejudica o setor?

MA: É injusto porque taxa mais o pobre. Os mais pobres em nosso país pagam proporcionalmente mais impostos do que os ricos. Os seus salários são quase que totalmente usados no consumo e ali na compra de qualquer produto já se paga imposto. Os mais ricos usam muito pouco da sua renda em consumo e geralmente conseguem proteger suas grandes fortunas da cobrança de impostos. A solução não está na redução dos impostos, pois se reduzir como os governos farão para proporcionar aos trabalhadores saúde, segurança e educação gratuitas?

É preciso inverter essa lógica e lutar para que haja uma reforma tributária para que as mais elevadas rendas paguem mais impostos e as menores rendas paguem menos.  Entrar nessa discussão que imposto é alto é uma armadilha para os trabalhadores, serve aos interesses de quem não quer um Estado forte, que ofereça serviços de boa qualidade à maioria da população. O que afeta o setor do comércio é o desemprego e salários arrochados, resolvido isso os impostos ficam em segundo plano.

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